Monday, March 12, 2007

Armando Duarte


“Actualmente, não consigo ver os jogadores com amor à camisola!”

BA– Como é que o senhor começou a gostar de futebol?
AD– Desde pequenino… Quando saí da escola, fui logo para o Porto com 12 anos. E com os meus 14,15 anos cheguei a treinar no Campo da Constituição, do FC Porto. Mas nunca fiz jogo algum pelo FC Porto.
Depois fui fazendo uns joguitos aí… no ínicio eu não era guarda redes, era extremo esquerdo
BA– O senhor era extremo esquerdo?
AD– Sim… era extremo esquerdo!
BA– E como é que foi parar na baliza?
AD– Porque eu aleijei– me num joelho e calhou… fui uma vez para a baliza, eles gostaram e continuei!
BA– Qual o melhor jogo que fez pelo Nespereira?
AD– O melhor jogo que eu fiz– penso eu1– pelo Nespereira, foi com uma equipa do Porto, onde jogava o Couto, antigo júnior do Porto. Mas isso foi quando eu estava para ir para o Ultramar, em 1966. Foi quando eles me quiseram levar para uma equipa do Porto. Não sei se era para o Boavista, se era para o Salgueiros… mas eu disse:”eu já vou embarcar, já vou para a tropa!”
BA– Quem eram os seus companheiros aqui de equipa?
AD– Era o falecido Isidro, o Américo, o Artur– estes são mais novos-, e cheguei a jogar com o Abel, com o Olegário, com o Manuel de Pereira, o Manuel António– que também é bem mais novo que eu!
Eu era o mais velho deles todos!
BA– Qual o jogo que se lembra melhor?
AD– Eu sei que quando vim jogar para o Nespereira, este ainda não era filiado… e havia um jogo aqui contra o Vila Viçosa, e eu jogava no Gondomar! Porque eu fui guarda redes do Gondomar! Então eu estava no Porto, o Gondomar ia a Santo Ovídio jogar contra o Vilanovense, e eu fui convocado para ser titular, só que eu quando soube que havia um jogo aqui, não apareci, e vim jogar pelo Nespereira.
BA– Quer dizer que jogou pelo Nespereira, quando estava filiado no Gondomar?
AD- Sim! Depois vim para aqui e fiz diversos jogos, em torneios em Paiva… e foram esses torneios que me levaram para cima! Esses torneios me levaram para cima, porque estava a ver o Cinfães e o Arouca. Porque eu também joguei no Cinfães e joguei no Arouca… então o Cinfães me viu, veio ter comigo, fui a Gondomar pedir a carta para vir, eles me deram e assim fui para o Cinfães.
BA– E recordações dos torneios?
AD– Isso tenho recordações muito boas desses torneios...jogamos lá com equipas mesmo muito boas, lá do Porto, e até o treinador do Salgueiros jogou lá e convidou– me para ir para o Salgueiros!
Aquilo calhava– me bem!!! Eu cheguei a defender lá três penalties! E eles até diziam que eu era o único que percebia de bola na equipa! Porque eu mandava!
Eu não defendia bem! Mas o meu melhor era mandar, orientar a defesa e o meio campo… isso era o meu melhor! A minha visão de jogo!
Eu via para onde a bola ia… antes de um adversário chutar, eu já sabia para onde a bola ia… Era isso o meu melhor! E foi aí que fiz os meus melhores jogos!
Em Nespereira, tenho recordação de um jogo ali em Vildemoinhos, quando jogávamos ainda pelo INATEL, onde ganhamos o jogo e depois perdemos na Secretaria… ganhamos por 1-0 e depois perdemos!
BA– Porque perderam o jogo na Secretaria?
AD– Porque jogamos com um jogador chamado Zé Manel, que era do Porto, e que estava filiado na Distrital e não na INATEL.
BA– Quando acabou a sua carreira de jogador?
AD– Em 1982. Depois cheguei a ser treinador também...Ainda cheguei a fazer jogos como jogador e treinador, porque na altura o treinador era o Correia e o Carlitos de Paradela… e quando esses não apareciam, eu é que ficava como treinador.
!A– E como treinador, que recordações é que guarda?
AD– Nenhuma! (risos) A única coisa que posso dizer, é que eu mandava e eles me obedeciam… todos! O Hernâni, o Domingos! O Hernâni chegou a jogar comigo!!! O Vítor acho que não! O Nandito sim!
Como treinador lembro– me de um jogo em Britiande, em que fomos jogar para o INATEL, e o Cabril tinha ido jogar quinze dias antes em Britiande. Não minto! O Britiande tinha vindo jogar com o Cabril à Alvarenga! Como o Britiande tinha dado porrada nos de Cabril lá, os de Cabril queriam se vingar nos de Britiande aqui! E eu, como sempre fui amigo de toda a gente, não deixei! Então eu pedi e os de Cabril não fizeram mal aos de Britiande.
De seguida, fomos à Britiande… levamos quatro autocarros, sendo preciso andar um individuo lá com uns altifalantes, a anunciar que havia futebol, para o pessoal ir ao jogo. Então chegamos lá, e o Dr. Teles– que era o Dr. Teles, o nosso médico de equipa, e as boas vindas que eles nos disseram foi: “São todos uns bons filhos da p…, excepto esse!” Que era eu! E quando fomos jogar, o primeiro a levar uma cacetada fui eu!(risos) Perdemos lá 3-1, o Manuel António marcou o golo, e mal acabou de marcar o golo, levou um pontapé no rabo!(risos) Outra foi, o Ernesto ganhou a bola no meio campo, o outro vai para cortar a bola e sentou– se em cima dele! Neste jogo, eu era o capitão e reclamei o jogo, que foi aceite e fomos fazer o jogo a Castro Daire, onde ganhamos 3-1. Já não houve pancada, não houve nada!
BA– Quais as suas perspectivas para o Nespereira?
AD– Actualmente não sei! Não consigo ver os jogadores com aquela garra, com aquela vontade de ganhar que nós tínhamos antigamente! Não vejo os jogadores com amor à camisola, como havia naquele tempo. Mas isso...

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